quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Not any given Tuesday

Preâmbulo: A dona desta casa se chama Deise Cris. Ela não havia sid citada na lista de agradecimentos. Ela me odiou uns dias... E eu, quis me matar como sempre quero quando faço besteira. Eu mereço. Ela, que já cometeu um twitticídio iria cometer um bloggcídio... desculpas, Deise... beijos vascaínos pra ti... como falava desde o fotolog, este é o perigo das listas... sempre acabo esquecendo alguém...

Agora, de volta ao texto...

Eram 7 e meia da mamnhã quando a Ceres me ligou e avisou: já tô pertinho da casa do teu irmão. Acorda que eu tô chegando. Por SMS ela me pediu o n° do edifício. Acordar e dois minutos encontrar meu irmão de sangue e minha irmã de coração me dizia que aquela terça-feira não seria Any given Tuesday.

Saímos para Santa Teresa. Pegamos o bonde, subimos o morro. Tomamos café da manhã num restaurante "sussa" como ela diz em paulistês fluente, digno de 102 no TOEFL. Descemos um pouquinho a pé e nos separamos. Ela foi para a pousada dela e eu para a Urca. A Gislaine me esperava. Ela é só, somente, uma menina que talvez mais entenda meu jeito de Saber Amar Os Paralamas. Acho que a gente os ama sem medo de cair das nuvens. Sem medo de chegar até elas, pegamos o bondinho e subimos o Pão de Açúcar. Antes disso, porém, ainda, na Terra, ela me pôs no céu com um presente de aniversário muito legal.

Tarde de conversa, planos, tempo para contemplar a paisagem e falar muito sobre nossas ideias e projetos. Fotos, água para ela, coca-cola zero para mim. Cabeça nas nuvens e pés no chão. Mostro para ela a florestinha atrás do Pão de Açúcar e rio, Rio de Janeiro demais com o medo dela de micos e saguis. Rio mais ainda com o medo dela de lagartixas. Fui super-herói por 1 dia me interpondo entre o descendente dos tiranossauros e ela. Sequestramos uma joaninha. Ademir, Deise e Camila estavam noutro canto da cidade, como eles disseram, vendo o desastre do Inter. Após uma tarde memorável, eu e Gislaine fomos ver a Praia Vermelha.

Twittada do Rafael, RT da Renata Pedro, telefonema de confirmação com o Alê, SMS para a Ceres (quem é louco de ligar para a Ceres ?), ligação de volta para o Rafael. Twit para o Edu. Pronto. Tava tudo combinado. Era tempo de a gente se encontrar. 19h no Espaço Tom Jobim. Era o show de nossas vidas, meu irmão. Aquele show ia entrar no coração. Mas fã de Paralamas é fogo. 18h já estava todo mundo lá. Porra ! Saudades do Alê. Beijo pra Thá. Conheço o Ademir e a Camila. Abraço a Deise. Que legal, adoro ela ! Olívia, até que enfim !!! Sanduíche dividido com a Ceres. Abraço na Renata. Começam as amaeças de morte: se a entrevista para o site não começasse às 19h... Bi pra um lado, Cerqueira para o outro. Fera também na área. Os argonautas estavam chegando e Barone usava uma camisa do Star Wars. Rafa e Edu aparecem.

Câmera, luzes, ação. Momento ridley Scott: parecia que a entrevista com o Barone era um teste para atuar como andróide em Blade Runner: O que acontecerá com cada um de nós quando a escuridão do palco chegar e o show começar ? De onde viemos? Para onde vamos? O que faríamos aqui nesta noite não seria simplesmente apagado, quanto ao tempo, ficaria em “DVD forever” ? As respostas começaram a ser dadas pelo Barone. O tour, a motivação de gravar ao vivo, os planos para um novo acústico, o repertório do show, os convidados e a já existência de material para começar um trabalho novo. Foto oficial com os fãs. Bate-papo extra-oficial. Foto e entrevista oficiais. Barone fica comovido ao saber que, nesta terça, todo mundo que veio de fora do Rio, ali estava longe do trabalho, da escola e da família pois morreram 3 tios, 1 madrinha, 2 gatos e 1 cachorro foi atropelado. A nossa cara triste denunciava nossa recente passagem nos cemitérios. Também estavam se casando primos de dois dos presentes e um de nós estava recebendo os pais, após longa viagem no exterior.

Troca de ingressos. Fila para entrar. Papo com a Camila para me apresentar. Foto com o Vital para nunca mais esquecer. Vamos gravar. É pro DVD. Como se precisássemos dele. Aquela noite seria para nunca esquecer.

Brasil afora. Meu sonho nem começa e já erram. De novo. Era tudo o que queria. Não, não era. Era Tendo a Lua. Quando a Pitty entra no palco e Os Paralamas começam a tocar essa, todo mundo se vira do palco e me olha com cumplicidade. É, é a minha música. São tantas marcas que já faziam parte. Mais uma. A Gislaine se virando e rindo pra mim. A Ceres, idem. E fico sabendo somente no dia seguinte, pelo twitter, que a Deise também chorou. Ah... a Pitty erra. Fico puto e paro de filmar com a câmera. Essa não era para errar. De novo. Agora só curto. Acima das palavras. Um hit atrás do outro. Quase trinta anos de carreira. Cai o pano, não, não acaba. Era o cenário que mudava para o palco ficar mais solar. Dá um laço e lança o Sal que o Zé Ramalho vem lá de João Pessoa. Espero que você também se repita e antes de ele sair, puxo o "De novo", "De novo", "De novo". Vem o Pedro e confirma. "De novo". E lá vem o Zé Ramalho de Campina Grande na Paraíba.

Aí fica engraçado, a gente passa a torcer para Os Paralamas errarem mas só descobrirem depois e ter que repetir cada música 2, 3 , zilhões de vezes. Quem se cansaria de ouvir Meu Erro, Calibre, Vital, Alagados ? Uma vida inteira, a obra inteira de uma vida. Todos se movem e saem do chão porque em cima destas rodas tem um cara legal. E neste canto das platéia, uma família de irmãos. O show acaba, a festa não termina. Abraços, fotos, felicidade explícita. Meu presente de aniversário ainda não terminava após ter demorado 2 dias quanto ao tempo pra chegar. Mas chegou e veio com a presença de cada daqueles meus amigos ali junto de mim.

Fila pra falar com o Herbert, a Bia e ele conversando. E olhe só, vejam vocês, o Herbert nos agradece pela paciência de a gente ter aguentado as repetições por conta dos problemas de gravação. Mew pergunto quantas vezes em casa, vou ver no repeat, Meu Erro ou Tendo a Lua e Rio de Janeiro em Dezembro do que o Herbert diz. Dou um beijo na careca e ele dá o primeiro autógrafo dele num CD do Los Pericos. Abraço no João, no Bi, no Fera. Beijo para a Carol via Hélder. Cerqueira sempre mandando bem.

Na hora de ir embora, desencontro. Saímos eu, o Alê, a Gislaine e a Ceres e não nos seguem. Vamos para em Botafogo. Frango a passarinho, batatas fritas, cerveja. Papo infinito. Ameaça de extorsão à Gislaine mediante sequestro de pôsteres. Beijos e abraço de despedida na Ceres. Adoro essa menina. Quanta saudade desses 3. Sorte, Alê até Sampa. Gis, um beijo ! Até Salvador. Quem sabe algum dia numa rua da Bahia tudo tenha Paralamas.

Uma hora de sono. Aeroporto. Check-in. Twitter e... putz ! ninguém dormiu. 6h da manhã e a Olívia, Ademir, a Ceres, a Gislaine, a Renata, todo mundo já tava conectado de novo. Que saudades. Que dia. Impossível manter os pés no chão. Parece que o vôo de volta não era do Rio pra Salvador e sim do Céu para a Terra. Que saudades.

P.S.: Este post é dedicado ao Ademir, Ao Rafael, ao Alê, à Ceres, à Gislaine, à Camila, à Olívia, à Renata, ao Edu, ao Rafa, à Deise, aos Paralamas, ao Hélder e a Carol, ao José Fortes, ao Jamari, ao Maurício Valladares, ao meu irmão e à Michelle e à toda família Paralamas.

Beijo no coração de vocês !

Rodrigo

domingo, 5 de dezembro de 2010

BORA-BORA VER OS PARALAMAS

Eu fui apresentado aOs Paralamas ao vivo em janeiro de 1989. O show era o do disco Bora-Bora. O local foi o Estádio do CRB, na Pajuçara, em Maceió. Eu tinha recém-completados 13 anos. O festival era o tradicional Squenta Verão que sempre ocorria entre Janeiro e Fevereiro em Maceió e era a única oportunidade do ano de ver bandas como Titãs, Barão Vermelho e Kid Abelha. Até o ano anterior, o festival ocorria na Praia de Pajuçara num local próximo aos famosos Sete Coqueiros.

O engraçado é que comecei a gostar de música por razões políticas e não rítmicas. Alguns professsores do colégio em que eu estudava começaram a mostrar em sala de aula letras como Comida, Selvagem, Alagados, que país é este ? e Polícia, ilustrando episódios da história recente do país. Foi então que passei a me interessar pelo cancioneiro pop-rock nacional. À época, o único disco que eu tinha dos Paralamas era o Selvagem ?, ganho como presente de aniversário. Ouvindo esse disco, assistindo às aulas de História do colégio e começando a ler sobre música, veio o meu Big Bang pessoal.

Quando Os Paralamas vieram tocar na cidade naquele verão, surgiu a idéia entre a turma da minha da minha rua, que reunia gente de 10 a 13 anos, e o Júlio, que tinha 15, de ir para o show. Meu pai, assumiu o negócio, e conduziu a gente pro estádio. Éramos uns 8 e meu pai levou a gente numa Belina com alguns indo na mala do carro e achando que era tudo festa. Nenhum de nós havia estado antes num show mas aquele dia definiu de vez do que era que eu gostava: rock, com letras politizadas, músicas bem tocadas e catarse coletiva. Sim, catarse, porque o que ocorria quando Os Paralamas tocavam Meu Erro ou Óculos ou Alagados era isso: catarse coletiva.

Depois desse dia, o rock nunca mais foi o mesmo para mim. Ver Os Paralamas ao vivo me fez entrar em um outro mundo, que até então não conhecia. Meu coração sangrou e se contaminou. A voz da razão sumiu. Mas não houve pedidos de socorro. Houve sim, pedidos de mais. Mas mais, em Maceió, só no verão seguinte.

sábado, 4 de dezembro de 2010

PARALAMAS X UB-40: ESSE JOGO NÃO É UM A UM

Paralamas e UB40 repetiram algumas vezes nos palcos o duelo entre criador e criatura que costuma ocorrer no gramados de futebol entre Brasil e Inglaterra. Assim como na disputa do ludpédio, a criatura aqui dá de goleada nos criadores.

Pode-se até arriscar-se a dizer que o UB40 é para a música britânica, o que Os Paralamas foram para a música brasileira. O UB40, criado em 1978, é uma banda que apresentava fortes influências do reggae e da chamada "world music", assim como Os Paralamas. "Red, Red Wine", por exemplo, que chegou ao número 1 da parada britânica, bebe descaradamente no dub/reggae jamaicano. O sucesso mundial deste "approach" musical se refletiu no Brasil na aceitação dos Paralamas pelo público tupiniquim.

Os caminhos dos caras de Birmingham se cruzaram diversas vezes com os dos carinhas de Brasília. Em 07 de janeiro de 1988, ocorreu a segunda noite do primeiro Hollywood Rock, no Rio Janeiro. No palco, Paralamas do Sucesso, UB40 e Simple Minds. Era uma noite recheada de rock-reggae-roots. Paralamas e UB40 encerraram a noite cantando juntos "Sing your own song" após Os Paralamas terem feito um show que chegou a incluir um cover de "Whole Lotta Love" do Led Zeppelin. Na letra da canção que dividiram, a banda inglesa faz uma apologia contra o Apartheid e tradicionalmente chamava ao palco uma banda local reprsentando a integração e a proposta da letra de que cada povo do mundo pudesse chegar ao poder cantando a sua própria canção, sem ter que cantar a música de quem o oprimia e dominava.

Os membros dos Paralamas eram fãs da banda inglesa mas quando estiveram na Inglaterra, Herbert tentou falar com Ali Campbell mas foi desprezado pelo ídolo. Apesar disso, a apresentação conjuntaa rolou sme maiores estresses já que a admiração dos Paralamas pelos caras era conhecida: no V, o vídeo (vide post anterior), durante um ensaio, Os Paralamas tocam "Sing your own song en passant e às decepção seguiu-se uma vingança dentro dos gramados, ou melhor, dentro dos palcos.

Devido à semelhança de estilos, Paralamas e UB40 apareceriam juntos novamente em um mesmo placo em 1994. Foi na perna sul-americana de uma nova turnê dos ingleses, que passaria por Rio de Janeiro, Lima (Peru), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina). O palco era dividido mas não havia entrosamento fora das "quatro linhas" e o que era para ser uma parceria acabou em rivalidade. Jogando em casa, no Rio, Os Paralamas cummpriram uma regra do jogo e não fizeram um "bis" de seu show já que os ingleses temiam que houvesse algum dano ao seu set-up de palco. Como se atrasaram para a partida, pediram para que Os Paralamas dessem mais uma canjinha. Os Paralamas se viraram e disseram Não. O show do UB40 demorou a começar e teve gosto de café frio. Depois, no Chile, o UB40 se recusou a entrar em campo e Os Paralamas gastaram a bola sozinhos em campo. Quando o tour conjunto chegou a Buenos Aires, Os Paralamas que vinha treinando com mais afinco, puseram abaixo o Monumental de Nuñez. Mais uma vez, o UB40 se atrapalhou com o excesso de firulas e saiu de campo derrotado.

Assim como nos gramados das Copas do Mundo, os ingleses não chegaram nem perto de bater os brasileiros no palco. Esse jogo não podia ser mesmo Um a Um. Mas o gol de placa dos Paralamas, veio em 30 julho de 2002. No hoje finado Ballroom, Herbert, Bi e João tocaram juntos ao vivo, com platéia, pela primeira vez após o acidente de Herbert, numa canja dada durante um show do Reggae B. A volta dos
Paralamas ao palco teve "A novidade", "Meu erro", "O calibre" (até inédita) e 2 jogadas do futebol musical inglês do UB40 que eles sempre adminiraram: "All I want to Do" e "Cherry, oh baby". O futebol musical moderno, em cima dos palcos, não pode prescindir do que fizeram os craques da pelota. Mas contra esses marrentinhos daí que vêm e fora e mal ganharam uma Copa do Mundo. nos Paralamas tocando "their own songs" é que eu aposto. Eles é que são os craques da pelota.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

PARALAMAS: BRASIL LÁ FORA

O show do Rock in Rio I projetou Os Paralamas de vez no cenário nacional. O grupo rodou o país graças ao seu talento e, beneficiado pelo esfacelamento da Blitz e pelo rompimento de Cazuza com o Barão Vermelho, se tornou de vez o maior nome do rock produzido no Rio de Janeiro. Fundamentados no sucesso de púlbico, Os Paralamas entraram em estúdio em 1986 para cometer sua obra-prima: Selvagem ?. Na época em que o disco completou 20 anos, escrevi as seguintes mal-traçadas linhas sobre essa obra para o site Paralamas Forever: "...Os Paralamas tinham acabado de vir de sucessos como Meu Erro, Óculos e Me liga, com temas ligados ao amor, e fizeram um disco com letras socialmente muito fortes, como Alagados, O Homem e A novidade (essa do Gil). A outra parte da coragem em si, foi abandonar um pouco da linha rock new wave de O passo do Lui e dar uma guinada para o outro extremo do mundo indo buscar influências na Bahia, na Àfrica e na Jamaica, ao invés da Inglaterra. O Selvagem? é o pai do Severino, musicalmente, e do MangueBeat, na temática social. É um disco essencial".

O disco, revolucionário, aparece hoje em qualquer lista dos melhores ou mais influentes da história do rock nacional. Além de ser artisticamente muito forte, vendeu muito. Com sucessos como Alagados, A Novidade (a primeira com participação de Gilberto Gil, e a segunda co-escrita com ele), Melô do Marinheiro e Você (de Tim Maia), Selvagem? vendeu 700.000 cópias e credenciou os Paralamas a fazer uma turnê européia em que tocaram no Olympia, em Paris, e no cultuado Festival de Montreux, na Suiça. Era 1987. No festival, criado em 1966 por Claude Nobs, seria registrado o que viria a ser o primeiro disco ao vivo lançado pela banda (a gravação do show do Rock In Rio só foi lançada nesta década).

Na noite em foi registrado o show, Os Paralams dividiram o palco com Ivan Lins, Beth Carvalho, César Camargo Mariano e João Bosco. Um trecho de "De frente para o Crime", uma composição do último era citado durante a execução de Alagados à época. A homenagem durou até a turnê do disco Hoje, quando a banda passou a citar "Sociedade Alternativa", de Raul Seixas durante o clássico sobre a diferença social que se espalhava pelo mundo, de Alagados, em Salvador-BA à Favela da Maré, no Rio de Janeiro, passando por Trenchtown, gueto da capital jamaicana, Kingston.
O concerto serviu para gravação do hoje raro V, o Vídeo, lançado em VHS, e nunca atualizado para formatos modernos como o DVD. Ele contém o show que os Paralamas fizeram em Montreux, no ano de 1987 e também trechos de um show no Ibirapuera em SP, entrevistas nas casas dos Paralamas e em um sítio em Mendes (RJ). No formato comercializado para o público, o disco D, além do set ao vivo executado naquela noite em Montreux, os Paralamas lançaram uma versão em estudio de "Será que vai chover ?", que também abriu o show e foi incluida na parte ao vivo do material lançado. Além de citar João Bosco, a banda tocou uma música de outro compositor começado com J, Jorge Ben, hoje ocnhecido como Jorge Benjor. Charles, Anjo 45 foi a primeira das gravações que Os Paralamas fizeram de Benjor. Anos mais tarde, eles regravariam "País Tropical", também do repertório de Babulima, para um comercial de sandálias.

O repertório da banda anunciada pelo apresentador do espetáculo como sendo "Le group plus important du Brésil" teve Será que vai chover ?, Alagados, Ska, Óculos, O homem, Selvagem, Charles, anjo 45, A novidade e Meu Erro. No palco, o trio paralâmico era reforçado pelo mago dos teclados João Fera. A primeira banda do rock Brasil dos anos 80, após ter mostrado talento no Rock in Rio e maturidade no Selvagem ?, fazia, ao vivo, pela primeira vez com qualidade aceitável, um registro para a posteridade de seu melhor momento como banda: no palco. Os Paralamas eram o Brasil lá fora. Hoje, seguem Brasil Afora.

Brinde:
V, o Vídeo no YouTube:

Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7

MÚSICAS
Selvagem, Vital e sua moto, Alagados, Sing our own song, Óculos, Você, Charles anjo 45, Será que vai chover?, Uns dias.

DIREÇÃO: Sandra Koguti e Roberto Berliner
CAPA: Gringo Cardia

Um abraço,

Rodrigo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ROCK IN RIO I: COM AS PLANTINHAS DA MAMÃE NO CENÁRIO


O primeiro Rock in Rio foi um divisor de águas para o rock do Brasil. A idéia de trazer bandas de renome internacional para o Brasil era uma incógnita. Os astros do pop e do rock ignoravam a América do Sul em suas turnês devido às dificuldades logísticas para se trazer equipamentos e "entourage". Por outro lado, a viabilidade comercial de um show para 50-60mil pagantes, que garantiria o lucro aos orgazniadores, era questionada devido ao fato de não haver ainda a certeza de que já existia um público desse tamanho para o rock no Brasil.

Nos anos 70, duas emissoras tinham arriscado ir contra a maré e fazer uma programação centrada no rock: a Federal AM, de Niterói no fim dos anos 60, e a Eldorado FM, a Eldo Pop, surgida em 1972 e comandada pelo lendário DJ Big Boy (1945-1977), conhecedor de música negra dos EUA e rock; um equivalente a um Maurício "Ronca-Ronca" Valladares ou a um Jamari Frnaça da época. A Federal morreu quando mudou de estilo, passando a ser uma AM de programação popular e a Eldo em 78, ao adotar o prefixo 98 FM, de perfil popularesco. A onda rock no dial só foi retomada no início dos anos 80 quando Luiz Antonio Mello, a partir da proposta de seu programa, o "Rock Alive", começou a mostrar que sim: havia audiência para viabilizar o rock como opção comercial no Brasil. Em 1° de março de 1982, foi ao ar a Fluminense FM 94,9 MHz, a Maldita, comandada por Mello. O Rio de Janeiro voltava a ter uma rádio que só tocava rock. E foi quem pôs nas ondas do rádio as demos de Kid Abelha, Blitz, Celso Blues Boy e também dos Paralamas do Sucesso. A história do nascimento (e do assassinato da Fluminense FM) é contada em primeira pessoa por Luiz Antonio Mello no essencial "A Onda Maldita".

Milena Ceribelli, hoje apresentadora de programas esportivos na TV e Maurício Valladares, hoje na Oi FM comandaram programas na emissora. Aliás, foi Maurício "Guitarras para o povo" Valladares que tocou pela primeira em uma rádio uma música dos Paralamas do Sucesso. A rádio que não tocava Michael Jackson e que abria as sequências de rock sempre com uma música nacional abriu as portas para os Paralamas com a "mal-gravada" demo de "Vital e sua moto". No Natal de 1982, numa promoção da rádio lotou o Circo Voador com 5 mil almas penadas que, em plena noite de festa familiar queriam ouvir o incipiente rock Brasil. Não havia mais dúvidas: a mina do público-rock existia e estava pronta para ser desbravada.

A ponte entre Os Paralamas e a rádio foi feita por Hermano Vianna, irmão do Herbert. Hermano, graças aos seus conhecimentos enciclopédicos de rock, ganhava muitas promoções na Maldita e devido a isso fato, Valladares decidiu conhecê-lo. Quanto foi até a casa de Hermano foi apresentado à demo dos Paralamas registrada graças aos shows no Western Club (vide post anterior). Hermano levou uma gravação dos ensaios da casa da Vovó Ondina, o "estúdio" oficial da banda à época. A demo, além de músicas da lavra dos Paralamas continha covers da banda inglesa The Police. Maurício gostou e colocou Vital no ar. A banda estourou e, ao se tornar conhecida no mercado, passou a tocar no Circo Voador e em seguida foi contratada pela EMI.

O Circo era uma espéica de Marquee brasileiro. Se a casa inglesa viu os primeiros shows de Rolling Stones, The Who e Zeppelin, o Circo viu surgir em seu picadeiro bandas como Barão Vermelho, Legião Urbana, Kid Abelha e Os Paralamas do Sucesso. Em março de 1983 Os Paralamas gravaram o primeiro compacto: "Vital e sua moto" de um lado; Patrulha Noturna do outro. Daí veio Cinema Mudo e depois O passo do Lui, passaporte da banda para o Rock in Rio.

Algumas bandas nacionais tinham grande potencial pra se destacar no evento: Blitz, Lulu, Barão, Kid Abelha e Paralamas. No entanto, a Blitz em fim de carreira acabou um ano depois do festival e Barão e Kid perderam o Cazuza e o Leoni em curto espaço de tempo, levando algum tempo pra se recompor. Já o Lulu estourou o tempo do show e foi literalmente levado embora no palco rotatório no meio do show. Os Paralamas brincando em seus 2 shows no evento (o Barone na segunda noite entrou pulando corda e o Bi, usava uma camisa do mesmo tecido da bermuda do Herbert) saíram aplaudidos e botaram a galera pra dançar. A decoração do imenso palco era composta por uma palmeira retirada dos camarim. As Plantinhas da Mamãe estavam no palco.

O festival ficou marcado por erros da organização que pôs Eduardo Dusek e Kid Abelha no dia dos metaleiros (foram apredejados e o Herbert protestou no palco) e também pelo desprezo da mesma com os artistas nacionais, que criaram público para o rock no Brasil mas que foram submetidos a cachês ridículos e não podiam sequer chegar perto da mesa de som pra fazer seus ajustes.

O show, hoje disponível em DVD, foi dedicado aos heróis do rock nacional: Lobão e os Ronaldos, Ultraje a Rigor, Magazine, Titãs e rádio rock que os lançou, a maldita Fluminense FM. Tocaram Inútil... A gente vai a Copa e não consegue ganhar (demoraria mais 10 anos)... E quem diria... ao final a saudação foi: "Valeu Zé (Fortes), Carlos Savalla, um beijo pra vocês, muito obrigado, até 4a. feira (noite do 2° show da banda no Rock in Rio). A gente tá aí". O Herbert acabou o show com um hoje tão comum e emocionante "Valeu demais". Essa história toda´e ocntada em detalhes no livro "Vamo Batê Lata", do Jamari França, inclusive passando pelas peripéicas amorosas de João Barone.

O set-list daquele dia foi matador, Em 40 minutos, eles tocaram:
1. Óculos
2. Ska
3. Vital e sua moto
4. Química
5. Mensagem de amor
6. Assaltaram a gramática
7. Patrulha noturna
8. Inútil
9. Fui eu
10. Cinema mudo
11. Calhambeque / Meu erro
12. Óculos, de novo

Na sua segunda noite no Rock in Rio I, que completa 26 anos em janeiro de 2011,
os Paralamas praticamente repetiram o setlist da primeira só mudando a antepenúltima, Meu erro, que não teve a introdução com Calhambeque e um inédito bis com Patrulha Noturna... Daquelas noites em diante, o Brasil ficou definitivamente sabendo quem eram os Paralamas do Sucesso. A força dos 3 ao vivo agora era inquestionável.

O Rock in Rio era uma mentira para os artistas nacionais mas os Paralamas mostraram que o rock brasileiro merecia respeito. 26 anos depois, certamente parece que esse show foi ontem - os Paralamas mostraram que o rock nacional existia e podia atrair e emocionar o público. Á Fluminense FM, á Maurício Valladares, ao Hermano Vianna e ao Luiz Antonio Mello, devemos, como fãs, agradecimentos eternos. Eles acreditoaram nos Paralamas e a banda retribuiu mostrarando que o rockeiro nacional sabia tocar (ao contrário da Blitz, por exemplo) e que o rock Brasil estava no mapa, prestes a conquistaro território nacional. A melhor performance brasileira no evento fez decolar uma carreira já brilhante e garantiu ao trio liberdade para parir o ousado Selvagem.

Com o sucesso alcançado no primeiro RIR, os Paralamas não precisaram mais se
submeter a condições funestas impostas às bandas nacionais neste tipo de evento. isso e só voltaram a um grande festival quando tiveram a oportunidade de com muita justiça encerrar a noite junto com os Titãs no Holly Rock. Só então, O rock brasileiro passou a se sentir total. Anos mais tarde, no Hollywood Rock, enfim o rock nacional teria o devido econhecimento quando pela primeira vez uma banda brasileira fechou uma noite de um evento internacional no memorável show com os Titãs.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

NÃO TIREM AS PLANTINHAS DA MAMÃE DO PALCO

28 anos atrás, em 30 de novembro de 1982 os Paralamas do Sucesso tocaram no Western Club, no Rio de Janeiro no que é tido como o primeiro show oficial da banda. Ainda como power trio, à época, Os Paralamas do Sucesso, Bi, Herbert e João se encontraram no Colégio Bahiense,no centro da capital carioca. Herbert morava no Rio em função da mudança de cidade do pai, o brigadeiro Hermano Vianna. Em 1979, um ano após a chegada de Herbert à cidade maravilhosa, veio Bi. Herbert já possuía uma guitarra Fender importada do Japão mas Bi não tocava nada e foi empurrada para o baixo por Herbert. Já o baterista à epoca era Vital Dias, outro colega do cursinho. O ano sabático que eles passaram sem tocar juntos após a entrada na faculdade separou a vida de adolescente da vida adulta e separou a vida de banda amadora da vida da banda de rock mais longeva do rock nacional.

Em 1981, novamente juntos, eles se inscreveram no Festival de Música da UFRJ com trës composições, incluindo "Vital e sua moto". Não foram considerados bons o suficiente para concorrer mas pelo menos foram convidados para tocar no intervalo. No entanto, o baterista, que era Vital para a banda, não apareceu. Não demorou muito para não ter a menor chance de voltar: João "Polvo" Barone, amigo de Bi foi convidado e com suas "mãos de cachos de banana", segundo Herbert, e começou a tomoar o lugar de Vital.

Um ano depois, em 17 de setembro de 1982, se encerraria a fase quarteto dos Paralamas. Era um quarteto inusitado já que ao invés de dois guitarristas, a banda tinha dois bateristas, Vital e Barone que se revezavam durante os shows. Mas naquele dia Vital se escondeu. Tocou duas músicas e deixou o palco dos Paralamas para sempre com Barone tendo tomado seu lugar e dando a cara definitiva aos Paralamas.

Após pouco tempo, na data que completa 28 anos hoje, começou a carreira profissional do grupo. No Western Club, o set-list tinha "Vital e sua moto", "Vovó Ondina", "Patrulha noturna", "Rodei (na escola)", Química (do Renato Russo, futuro Legião Urbana) e "Encruzilhada agrícola-industrial". Madura, a banda encaminhou após a apresentação sua primeira gravação em estúdio na Tok Studio numa demo com "Vital e sua moto", "Encruzilhada agrícola-industrial", "Patrulha noturna" e "Solidariedade não". Foi questão de tempo para a demo cair nas mãos de Maurício Valladares, ser tocada na "Maldita" Fluminense FM por Maurício "Ronca-Ronca" Valladares.

Uma casualidade em um show consolidou a formação do "núcleo-duro" da banda. Um outro show os levou para o estúdio e para as ondas do rádio. Talento para tocar ao vivo, como se vê, nunca faltou aos caras. Desde o começo. E 28 anos depois eles continuam cantando e encantando ao vivo. Desde o Western até o Leste. Rodando Brasil adentro, todo, inteiro e sem demora. Não viver um show dos Paralamas causa pena. Porque, por mais caro que seja o preço do ingresso, sai-se dele com o melhor dos CDs ou dos DVDs ou dos Blu-Rays: a memória e no coração. Tenho a sorte de já os tê-los visto tocando muitas vezes ao vivo. Menos do que eu gostaria mas o suficiente para ter em minha memória um "ao vivo" que começa em 1982 e que segue até hoje Brasil Afora, ao vivo. Sempre.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Promoção Não Tenho Limites - Herbert e Nextel


Herbert Vianna não tem limites. Por isto, a Nextel o convidou para ser "o cara" da empresa em sua nova campanha publicitária.



A grande boa nova é que os fãs podem concorrer a uma guitarra autografada pelo Herbert e, ainda, o direito de ir a um show dos Paralamas e conhecê-lo de perto.

Enfim. Pra tudo isso, basta clique AQUI ou no BANNER ACIMA. E de quebra, ajudar esta humilde blogueira a faturar um prêmio bem bonito.

terça-feira, 2 de março de 2010

Pela vida, trazendo o novo


Conheço a Deise desde 2003, eu acho. "Entre o Longo Caminho e o Uns Dias", ela disse hoje, usando a nossa linha do tempo preferida: a paralâmica. Falar "antes e depois do acidente", para nós, é mais recorrente do que faz a Bíblia no original "antes e depois de Cristo". Quando conversamos pela internet, sempre perguntamos sobre a vida um do outro, falamos sobre futebol (ela gremista, eu são paulino) mas, inevitavelmente, sempre caímos na tentação de falar de Paralamas.

Hoje ela postou um novo texto neste nosso blog, sobre um vídeo do Herbert que apareceu no Youtube e que você pode conferir logo abaixo. Assunto vai, assunto vem, e acabamos falando do filme "Herbert de Perto", que ela brilhantemente resenhou (e que você também confere aqui no blog). Ao final deste post, tem um link para um texto escrito por mim no finado blog "Na Pista", uma página que criei sob a emoção do lançamento do disco "Hoje" e que me abriu muitas portas, pessoais e profissionais.

Fui reler este texto, datado de 29 de março de 2006. Há quatro anos atrás, eu assistia à primeira versão do longa de Roberto Berliner e Pedro Bronz. Minha escrita estava emocionada, vibrante, quase falada, com exclamações de sobra. Lembro que escrever, nessa época, não era um exercício que envolvia disciplina, mas uma ação emotiva. Quase sem querer, as palavras iam formando frases, que se juntavam e viravam parágrafos, que no final pareciam um texto.

Fiquei emocionado ao reler este e outros textos desta época (como uma entrevista feita de suor e cerveja com Bidu Cordeiro dentro de um banheiro fedendo a xixi no Sesc Pompéia em São Paulo, após um show da Orquestra Imperial, que nesta época era apenas uma banda desconhecida formada por músicos desconhecidos). Comentei com a Deise esse estranhismo que me causou a leitura deste texto de quatro anos atrás. A partir disso, eu e Deise começamos a pensar como o tempo passou, como nosso fanatismo pelos Paralamas também sofreu a ação do tempo e como ler nossos textos do passado era, também, uma forma de assistirmos nosso crescimento pessoal.

A vida passa, as pessoas mudam, lugares que frequentávamos já não frequentamos mais e alguns sonhos, que antes sentíamos estar a um passo de realizá-los, hoje parecem apenas pensamentos ingênuos de alguém que não entendeu que a vida não é filme. Interessante, porém, é que qualquer mudança de endereço e de conceito não foi capaz de nos deixar distantes dos Paralamas. Pelo contrário: hoje nos sentimentos mais próximos deles, nos sentimos parte de uma família que cujos pais são Herbert, Bi, Barone, Fera, Bidu e Monteiro e cujos filhos são os Eduardos, Deises, Rafaéis, Rodrigos, Alês, Julianas e Brunas...

"Quando foi olhar, já passou".

Esse sentimento de que o tempo voou e a gente não percebeu fica extremamente presente quando relemos nossos textos. Mas, se hoje somos mais responsáveis, mais pés no chão e mais velhos, também podemos dizer que somos mais fãs do que nunca de uma banda que conseguiu entrar em nossas vidas de uma forma tão intensa que, a partir do que escrevemos sobre ela, conseguimos enxergar quem nós realmente somos.

Novo vídeo de Herbert no YouTube

Hoje surgiu no YouTube um curioso vídeo de uma gravação de Herbert Vianna.
Ele aparece em frente às câmeras ora empunhando sua guitarra, ora conversando, ora ao celular ou nos bastidores... ficamos todos nos perguntando: afinal, que vídeo é este?
Será o making off do Herbert de Perto? Um novo DVD?
No meio até tem um trecho de "Selvagem"!

Aguardamos a solução deste mistério...

POR ENQUANTO, ASSISTA AO VÍDEO:


sábado, 23 de janeiro de 2010

Herbert de perto: vida e música do líder dos Paralamas do Sucesso



Muito já foi falado e escrito sobre o documentário de Roberto Berliner, que tem previsão de lançamento em DVD para fevereiro próximo. Há muito quero comentá-lo, depois de assistir ao filme duas vezes, mas achava que poderia ser repetitivo demais expor, mais uma vez, o que já foi tantas vezes dito sobre ele: a história de superação de Herbert de Vianna exposta com tanta sensibilidade ou a inacreditável trajetória e a união dos Paralamas, enfim.



Queria escrever mesmo sobre o que mais me tocou. Muito além da narrativa sobre a vida de Herbert Vianna e a carreira dos Paralamas, a edição conferida pela equipe de Berliner e da TVZero à película destacou a música do nosso querido. O título do documentário já deixava claro que um dos aspectos tratados seria este, mas a forma delicada da abordagem é que me deixou emocionada. Ela, a música de Herbert, é o fio condutor. E para os fãs da banda, assistir certas imagens relacionadas à obra de HV vale mais do que ouro.



O filme inicia com "Flores no Deserto", que dá a linha para uma rápida reflexão sobre quem foi o Herbert na sua juventude - um perfeccionista dedicado, cheio de garra e de sonhos, certo das vitórias que ainda conquistaria e de uma vida sem desvios no percurso - e quem ele é hoje: "Um dia posso até pagar por isto, o impossível é meu mais antigo vício"; "Estava calmo por acreditar em perfeição, tal qual o tolo da colina na canção".



Quando trata “Alagados” a cena não é somente o lindíssimo videoclipe filmado pelo próprio Roberto Berliner em 1986, mas o show realizado na Favela da Maré citada na canção, em 2005, na inauguração da Lona Cultural Herbert Vianna. Ali, pouco menos de 20 anos depois de seu lançamento, “Alagados” está pulsante, cantada aos brados pelo público e executada com garra pelos Paralamas. O grito de “Mengo”, na reinvenção da música feita pelos moradores da Maré, enche os olhos de Herbert de brilho. Momento único.



Em ebulição criativa nos anos 90, Herbert faz laços musicais com a Argentina. Chama, então, Charly García para gravar piano em “Saber Amar”... o documentário traz cenas até então inéditas daquele estúdio em 1995. Assim, ficamos sabendo que a letra da canção fora feita para Bi Ribeiro e a complexidade de suas relações amorosas: é o Herbert “conselheiro sentimental”, transformado em um dos compositores mais sofisticados do país. E podemos sentir a intensidade do momento da criação de uma das mais bonitas músicas dos Paralamas: Herbert e Charly gritam, se abraçam, discutem, se amam. Depois de assistir tais cenas, nunca mais alguém ouvirá “Saber Amar” com os mesmos ouvidos.



Outra música que não consigo mais ouvir sem pensar no documentário é “Tendo a Lua”. Ela aparece no momento em que surgem imagens de Lucy, Herbert e as crianças. A cena é tão bonita, que a canção parece ainda “maior”, ainda mais delicada. E ela dá o sentido exato de como o documentarista quis tratar a família Needham-Vianna: com saudade, mas sem dor; com a leveza que foi (é) a relação dos cinco... “tendo a lua aquela gravidade aonde o homem flutua, merecia a visita não de militares, mas de bailarinos e de você e eu”.



E para a saída de Herbert do hospital, qual a música escolhida? “Sempre te quis”. Querem coisa mais sensível e menos óbvia? Podia ser alguma, sei lá, do “Longo Caminho”. Mas aquela letra demonstra o sentimento exato de todos diante daquele esperado momento: era ele que sempre quisemos assim, voltando aos nossos olhos, à nossa vida. O mais incrível de tudo é que nunca são somente as letras que compõem as cenas, mas também as melodias. Tudo se encaixa. É assim com vários sucessos, mas também com “Dois Elefantes”, com “A primeira neve”... Estas bonitezas que amamos, crias de Herbert, estão todas ali, para quem as conhece e para quem nunca antes havia tido a oportunidade de apreciá-las. “Eu não sei nada”, por exemplo, é trilha para a paixão de Herbert por voar.



“De Perto”, enfim, encerra o filme. Não só porque dá nome ao documentário, mas porque é o ponto de chegada da narrativa de Berliner. Ali, Herbert está em meio aos seus queridos, cantando uma música que saúda o seu amor por Lucy, depois de tudo o que passou. "Herbert de Perto" acaba, mas a cena faz entender que, como todos nós sabemos, a vida e a música de seu principal personagem , não.



Os letreiros sobem sob o som de "Ska", cuja letra diz que "a vida não é filme" e que "tanto faz se o herói não aparecer". A vida de Herbert não é filme; não há uma explicação teleológica para uma trajetória, com início, meio e fim, tudo equilibrado. O cara que aparece ali tampouco é herói; é, como todos nós, alguém que faz suas escolhas, algumas certas e outras nem tanto, alguém que apesar de todas suas estratégias e planos ainda é surpreendido pelo devir. É, ainda, um homem ("que tem sob a pele pétalas, que tem sob as unhas espinhos") que expôs todas as suas vivências em sua obra: a juventude, as vitórias, as preocupações sociais, os porres (como em "Tribunal de Bar"), o amadurecimento ("Trinta Anos"), os amores incondicionais, a perda destes amores, a paternidade ("Luca, "Santorini Blues"), a separação dos pais ("A nossa Casa"), a vida como cadeirante ("Ponto de Vista", "Brasil Afora"), a alegria de estar vivo, enfim... não há traços de heroísmo nesta história, mas sim de pura humanidade - carne, osso e coração.




+ Leia textos dos mais interessantes escritos sobre o "Herbert de Perto": o de Eduardo Lemos, o de Luiz Zanin Oricchio e o de Rodrigo Lua



+ Assista ao trailer de "Herbert de Perto":

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Fontes: Tipografia Artesanal Urbana

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