Quatorze de Dezembro
Os rostos, todos conhecidos, eram só olhos brilhando e imensos sorrisos. O peito estava quente e chovia uma chuva de benção. Encontrávamo-nos para compartilhar poesias e melodias, e um amor grande, mas um tanto ingênuo, que só sabe quem já sentiu. Certa vez, esse amor aumentou com o medo da perda e, agora, faz com que nos agarremos a qualquer aceno de carinho, mesmo que – por força das circunstâncias - ele seja um pouco tímido, conservador. Mas naquela noite, não importava se aquelas palavras já haviam sido ditas ou se aquelas canções já haviam sido tantas vezes ouvidas: havia a comunhão, as lágrimas que escorriam pelas faces, as vozes e os olhares de cumplicidade. Havia ouro no coração, e isto basta.