sábado, 10 de outubro de 2009

“Rodando Brasil Afora” – Porto Alegre, 09 de outubro de 2009

5 meses depois, lá eu estava novamente em um show do “Brasil Afora”. Passado o nervosismo da estréia, a tranqüilidade imperava na banda (e em mim) quando da entrada no palco do Teatro do Bourbon Country para mais uma empreitada. Os músicos-operários dos Paralamas encaram cada espetáculo como se fosse mais uma nova e importante obra de suas vidas, e não foi diferente aqui em Porto Alegre. Entusiasmo, olhares otimistas, alegrias e surpresas com as respostas do público, improviso. Tudo estava ali, como se o tempo nunca passasse, como se nada nunca mudasse.


O público, aliás, parecia estar sedento de um show da banda. Afinal, três anos sem uma apresentação “solo” dos Paralamas não é pouca coisa (afora o show com os Titãs, o último show na capital gaúcha havia sido da turnê “Hoje” no dia 19 de outubro de 2006, no Bar Opinião). E todos corresponderam a saudade e a alegria de rever Herbert, Bi e João no gogó, nas palmas, nos gritos pedindo “mais um”, ou saudando a banda com o já famoso “Uh! Paralamas”. O público cadeirante, cada vez mais numeroso em shows paralâmicos, também atentava a cada música, fazendo valer a pena “cada segundo, cada momento, cada instante”... Um jovem menino, em especial, à esquerda de Herbert, se emocionava a cada refrão: acompanhado de seus pais, cantava todas, acompanhava com palmas, balançava o corpo como podia. Suado, quando Herbert cantou “em cima destas rodas também bate um coração”, ele bateu com orgulho no peito, compartilhando e sendo cúmplice do mesmo sentimento de seu ídolo. Momentos assim, de humanidade e de carinho, só um show dos Paralamas proporcionam com tanta intensidade.


O repertório foi o mesmo da estréia em Curitiba, com exceção da inclusão de “Óculos” no bis. Diferentes mesmo foram os imprevistos e improvisos que, como disse João Barone durante o show e, depois, no camarim, fazem de um show inesquecível e especial. Durante “O Calibre”, ocorreu um problema na sua bateria. Algo que ele explicou pra nós, mas que eu, no meu desconhecimento instrumentalístico desconheci e não sei explicar. O Cerqueira, roadie de JB, correu para arrumar a batera e ficou ali, debaixo daquela imensidão de tons e de Barone por quase toda a música. No final da música, enquanto ainda se tentava arrumar o instrumento, Herbert aproveitou para fazer uma de suas piadas escatológicas, que tinha o JB como personagem. Na canção seguinte, “Meu Erro” (assista vídeo abaixo), João resolveu detonar, e a introduziu com todo o gás possível e imaginável. A iluminação estava linda – como em todo o show -, a galera veio abaixo, mas eis que a maior surpresa do show resolveu se antecipar. O pano do cenário cai, na troca que deveria ocorrer em “Mormaço”, por um tropeço do Zé lá na coxia. Até deu um frisson na galera, mas a troca de cenário ficou tão deslocada (lógico) que a maioria nem percebeu ou entendeu. Uma pena, já que a introdução do set acústico é uma das partes mais bonitas do show (daqueles momentos impactantes que todos comentam depois).


Dizer que ficar ouvindo e observando com detalhes a magistral atuação do trio + Fera + Bidu e Monteiro é algo sempre indescritível, já é lugar comum. Mas são as melhores coisas pra um fã... desta vez, meu posicionamento foi em frente ao Fera e ao Bi. E a coluna de baixo dele ficava bem pertinho e eu pude ouvir todos os graves com perfeição, suspirando, de novo, na linha de “Romance Ideal” (assista vídeo abaixo). Herbert lembrou os Beatles em duas ocasiões: “Norwegian Wood”, em “Cuide bem do seu amor” – e o Rubber Soul é um dos meus favoritos - e “Day Tripper” em “Alagados”. E o JB, meu Paralama preferido, esteve perfeito, como sempre – e “a la Copeland”, em “Vital e sua moto/Every breath you take”, a última do show, fica melhor ainda (assista vídeo abaixo).

Depois de longa espera, eu já cansada – meu corpo doía no final do show, no melhor estilo “o trem da juventude é veloz, quando foi olhar já passou” -, entramos no camarim, e eu nem sei por que ainda faço isso. Só pra dar um carinho e ver o brilho nos olhos de cada um de perto, ter certeza que a “vibe” está ali mesmo, como sempre. Desta vez, finalmente, consegui falar tudo o que sinto pro Herbert, porque em outras ocasiões sempre havia “travado”... não foi assim, tudo, mas ao menos consegui me expressar. E ele ficou me ouvindo, olhos nos meus olhos, e eu tendo que segurar a onda. Melhor momento da minha vida ever, “ainda que pareça tolo ou sem sentido”. Acho mesmo que é, simplesmente, “amor incondicional”, como diria o Scandurra.













Ps.: peço desculpas pelo abandono do blog, logo em seu início. Mas a vida está puxada...


Adendo: agradecimentos especiais às queridas amigas paralâmicas e ao querido amigo paralâmico que foram parceiros neste show - Letícia, Marcia, Camila e Jeferson.

13 comentários:

Ademir 10 de outubro de 2009 às 17:42  

Se a cada "sumiço" você nos proporcionar um material dessa qualidade (texto, fotos e vídeos), tenha certeza de que estará "perdoada"!

Não posso deixar de fazer referência especial ao vídeo de Romance Ideal. Definitivamente o Bi é o cara! Sem firulas, tira um som ímpar daquele factor... E o Herbert deitando e rolando no solo... Vai direto para os meus vídeos favoritos!

Unknown 11 de outubro de 2009 às 18:07  

UM SHOW simplesmente demais !!!!!!!"Acima das palavras" Mas quem tirou a foto da Deise com o Barone mesmo, cade os créditos das fotos. ???? hehehheh

Rodrigo Mallmann 13 de outubro de 2009 às 05:13  

Energia pura do início ao fim do show!

Pitacos Perdidos 13 de outubro de 2009 às 09:04  

Suas palavras quase nos fazem sentir a emoção de estar ali.. é culpa dos detalhes que só você percebe e da tamanha importância que um show tem para nós, fãs..

parabéns, de novo e de novo.
um bejo!

Roberta Corrêa 13 de outubro de 2009 às 09:39  

Parabéns pelo texto Deise, ele representa exatamente o sentimendo que cada fã teve ao presenciar um espetáculo tão lindo quanto o que vimos aqui em Porto Alegre. Realmente estávamos sedentos de Paralamas! Impossível agora é aguentar a dolorosa espera por outra oportunidade de ver esse trio fantástico novamente.

Parabéns! E uma abraço paralâmico!

Débora Barros 13 de outubro de 2009 às 09:50  

Qdo Paralamas voltam com os shows pelos País?!?! Muita saudade! Não podem parar...

Andreia Nery 13 de outubro de 2009 às 10:16  

Coisa linda de se ler. Emocionante. E, ah, JB também é meu preferido.

Igor John 13 de outubro de 2009 às 10:33  

O show foi demais! Muito bom
Quando voltarem irei denovo com certeza! Grande abraço a vcs

Le 13 de outubro de 2009 às 12:16  

Deise, teu texto me trouxe de volta toda a emoção daquela noite e bateu uma saudade imensa... O show e tudo mais foi perfeito, mas deixou gostinho de quero mais! E sempre ficamos com a pergunta: quando será o próximo? hahaha
Te adoro minha querida amiga paralâmica!
Beijos!
Le

Sâmia 13 de outubro de 2009 às 13:42  

Deise,

ótimo texto! A descrição com os detalhes marcantes, o sentimento, o bom humor, os vídeos.. Emocionante! parabéns! =)

Unknown 14 de outubro de 2009 às 11:00  

Num momento do show você me disse: "Assim eles vão nos fazer chorar". Quem vai nos fazer chorar é você! Mas a emoção vale a pena, bem se vê que tu tens a sensibilidade de uma historiadora e da fã paralâmica que és!
O show foi isso mesmo, puro sentimento e significados, tuas palavras não poderiam ser diferente.
Um brinde ao "Brasil Afora" e ao encontro de seus fãs em mais um show! (Valeu pela companhia, Deise, Letícia e Jeferson) Vida longa aos Paralamas! Super abraço!

Unknown 21 de outubro de 2009 às 17:01  

Deise.... parabéns pelas palavras!! faz me sentir na platéia vendo o show!! =)

Renata Oliveira 25 de outubro de 2009 às 19:03  

Deise, a mesma emoção que você sentiu neste show e que soube expressar tão bem através do que escreveu, eu também senti ontem (24/10 -sábado).

A apresentação dos Paralamas aqui em Goiânia foi simplesmente demais! Que show!

Foi juntamente com os Titãs e, por isso espero que os Paralamas volte o quanto antes pra mostrar o trabalho da turnê do novo cd.

Fiquei emocionada ao ver o Herbert, Bi e Barone novamnete depois de tanto tempo ( acho que 2 anos...).

Sou apaixonada pelo trabalho deles desd minha adolescência (acredita que eu guardo um autógrafo do Herbet e do João Fera desde os meus 14 anos! Levando em consideração que eu tenho 34...só pra ver o quanto eu os amooooo!).

Parabéns pelo material (video e fotos).Ficaram ótimos!

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