quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A palavra de João Barone (ou "um outro sonho tanto quanto os que já vivi")

Sempre quis assistir um show especial dos Paralamas, aqueles de gravação de DVD, estas coisas. Nunca pude, nunca fui (apesar de que as oportunidades não faltaram) e sempre fico com raiva de mim mesma por não ter participado, principalmente quando consigo localizar, na minha televisão, conhecidos e amigos se divertindo ou se emocionando (no Acústico, no show da volta do Fantástico ou da MTV, no Uns Dias Ao Vivo, enfim...). Mas eis que, no dia 09 de outubro, Barone me dá uma pontinha de esperança: em uma pausa na apresentação aqui em Porto Alegre, ele fala da candidatura do Teatro do Bourbon Country como locação para o registro da Turnê Brasil Afora. Ele falou CANDIDATURA, ou seja, pode ser que tenha sido uma ideia corriqueira (destas que não se concretizam), ou que priorizem São Paulo ou Rio de Janeiro de novo, afinal boa parte do público - e da estrutura - está lá... mas seria incrível. Paralamas, Os Quatro, Tv Zero ou Conspiração (minhas produtoras brasileiras de filmes favoritas, portanto, minha torcida sempre é para que escolham uma das duas): considerem a possibilidade, ok? Sim, já estou engajada na campanha.

Abaixo, o link de um vídeo que a Camila (fã-historiadora-gaúcha, como eu) gravou do JB falando do lance do DVD, pra comprovar. O curioso é que, logo no início, ele está explicando a queda do cenário que ocorreu antes do previsto (conforme relatei no post anterior). Talvez, se ele não tivesse comentado, metade do público nem adivinharia que aquilo tinha sido uma falha técnica... ê, João!


CLIQUE AQUI PARA ASSISTIR AO VÍDEO


sábado, 10 de outubro de 2009

“Rodando Brasil Afora” – Porto Alegre, 09 de outubro de 2009

5 meses depois, lá eu estava novamente em um show do “Brasil Afora”. Passado o nervosismo da estréia, a tranqüilidade imperava na banda (e em mim) quando da entrada no palco do Teatro do Bourbon Country para mais uma empreitada. Os músicos-operários dos Paralamas encaram cada espetáculo como se fosse mais uma nova e importante obra de suas vidas, e não foi diferente aqui em Porto Alegre. Entusiasmo, olhares otimistas, alegrias e surpresas com as respostas do público, improviso. Tudo estava ali, como se o tempo nunca passasse, como se nada nunca mudasse.


O público, aliás, parecia estar sedento de um show da banda. Afinal, três anos sem uma apresentação “solo” dos Paralamas não é pouca coisa (afora o show com os Titãs, o último show na capital gaúcha havia sido da turnê “Hoje” no dia 19 de outubro de 2006, no Bar Opinião). E todos corresponderam a saudade e a alegria de rever Herbert, Bi e João no gogó, nas palmas, nos gritos pedindo “mais um”, ou saudando a banda com o já famoso “Uh! Paralamas”. O público cadeirante, cada vez mais numeroso em shows paralâmicos, também atentava a cada música, fazendo valer a pena “cada segundo, cada momento, cada instante”... Um jovem menino, em especial, à esquerda de Herbert, se emocionava a cada refrão: acompanhado de seus pais, cantava todas, acompanhava com palmas, balançava o corpo como podia. Suado, quando Herbert cantou “em cima destas rodas também bate um coração”, ele bateu com orgulho no peito, compartilhando e sendo cúmplice do mesmo sentimento de seu ídolo. Momentos assim, de humanidade e de carinho, só um show dos Paralamas proporcionam com tanta intensidade.


O repertório foi o mesmo da estréia em Curitiba, com exceção da inclusão de “Óculos” no bis. Diferentes mesmo foram os imprevistos e improvisos que, como disse João Barone durante o show e, depois, no camarim, fazem de um show inesquecível e especial. Durante “O Calibre”, ocorreu um problema na sua bateria. Algo que ele explicou pra nós, mas que eu, no meu desconhecimento instrumentalístico desconheci e não sei explicar. O Cerqueira, roadie de JB, correu para arrumar a batera e ficou ali, debaixo daquela imensidão de tons e de Barone por quase toda a música. No final da música, enquanto ainda se tentava arrumar o instrumento, Herbert aproveitou para fazer uma de suas piadas escatológicas, que tinha o JB como personagem. Na canção seguinte, “Meu Erro” (assista vídeo abaixo), João resolveu detonar, e a introduziu com todo o gás possível e imaginável. A iluminação estava linda – como em todo o show -, a galera veio abaixo, mas eis que a maior surpresa do show resolveu se antecipar. O pano do cenário cai, na troca que deveria ocorrer em “Mormaço”, por um tropeço do Zé lá na coxia. Até deu um frisson na galera, mas a troca de cenário ficou tão deslocada (lógico) que a maioria nem percebeu ou entendeu. Uma pena, já que a introdução do set acústico é uma das partes mais bonitas do show (daqueles momentos impactantes que todos comentam depois).


Dizer que ficar ouvindo e observando com detalhes a magistral atuação do trio + Fera + Bidu e Monteiro é algo sempre indescritível, já é lugar comum. Mas são as melhores coisas pra um fã... desta vez, meu posicionamento foi em frente ao Fera e ao Bi. E a coluna de baixo dele ficava bem pertinho e eu pude ouvir todos os graves com perfeição, suspirando, de novo, na linha de “Romance Ideal” (assista vídeo abaixo). Herbert lembrou os Beatles em duas ocasiões: “Norwegian Wood”, em “Cuide bem do seu amor” – e o Rubber Soul é um dos meus favoritos - e “Day Tripper” em “Alagados”. E o JB, meu Paralama preferido, esteve perfeito, como sempre – e “a la Copeland”, em “Vital e sua moto/Every breath you take”, a última do show, fica melhor ainda (assista vídeo abaixo).

Depois de longa espera, eu já cansada – meu corpo doía no final do show, no melhor estilo “o trem da juventude é veloz, quando foi olhar já passou” -, entramos no camarim, e eu nem sei por que ainda faço isso. Só pra dar um carinho e ver o brilho nos olhos de cada um de perto, ter certeza que a “vibe” está ali mesmo, como sempre. Desta vez, finalmente, consegui falar tudo o que sinto pro Herbert, porque em outras ocasiões sempre havia “travado”... não foi assim, tudo, mas ao menos consegui me expressar. E ele ficou me ouvindo, olhos nos meus olhos, e eu tendo que segurar a onda. Melhor momento da minha vida ever, “ainda que pareça tolo ou sem sentido”. Acho mesmo que é, simplesmente, “amor incondicional”, como diria o Scandurra.













Ps.: peço desculpas pelo abandono do blog, logo em seu início. Mas a vida está puxada...


Adendo: agradecimentos especiais às queridas amigas paralâmicas e ao querido amigo paralâmico que foram parceiros neste show - Letícia, Marcia, Camila e Jeferson.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

"A Palavra Certa" - Entrevista de Herbert à Folha de São Paulo

Quem não sonha em se ver compreendido e perdoado?
Ver seus erros e tropeços como equívoco explicados?
(Tempero Zen)

Quero te pedir perdão
Por viver assim aos prantos
(Taubaté ou Santos)

Não viver a causar pena
Por cuidar tanto das pernas
(Brasil Afora)

Estes três trechos de músicas do Brasil Afora, último álbum dos Paralamas, são autobiográficos. Através deles, podemos chegar mais perto de Herbert Vianna e entender, ao menos um pouco, o que acontece no coração e no pensamento do nosso cantor, guitarrista e compositor favorito oito anos após aquele trauma imenso (é lógico que a história não precisa ser repetida aqui...). Além das canções, eram poucas as oportunidades em que Herbert podia se expressar de forma mais pessoal, demonstrando sentidos e sabores de seu cotidiano.

A recente e excelente reportagem de Mônica Bergamo para a Folha de São Paulo, intitulada “Memórias de Herbert”, possibilita enxergarmos com mais nitidez o Herbert que vemos nos shows, nos camarins ou em participações na televisão: um homem cuja ferida pela perda de sua mulher não cicatrizará, que tem na música o alimento para se manter vivo, que mantém intacta sua inteligência requintada, sua sensibilidade mais plena. Um homem que, apesar de necessitar de cuidados especiais, mantém-se forte e apoiado, sempre, na família – tendo a “figura materna” das duas filhas como “porto seguro” - e nos melhores amigos, os Paralamas – parte essencial na “alimentação” de sua alma.



A mesma reportagem também mostra que é possível que a trágica história que Herbert carrega consigo pode ser observada por vertentes tão simples, como a informação de que suas filhas gostam mais da Paraíba que de Londres e que seu enfermeiro o acompanha há 5 anos, entre dividir quartos de hotéis e ajudá-lo em suas funções mais básicas.

Herbert gosta de falar; às vezes pode se perder ou demorar, mas sempre o que diz tem sua razão de ser dito, tem opiniões sinceras mesmo quando não tem opinião, como no caso do terceiro mandato de Lula. Ele também não se furta em comentar assuntos muito particulares, como sua vida sexual após a paraplegia, assunto que podia se tornar um “tabu”, imersos que estamos em uma sociedade sexista, machista... a falta de sensibilidade nos membros inferiores não esmorece Herbert: ele acaba por canalizar o seu prazer, a sua energia na música. Por esta razão, ele diz que acaba substituindo um possível "drive tarado" - usando as palavras do próprio Herbert -, por instrumentos musicais e tecnologias afins.

As entrevistas de Herbert pré-acidente sempre foram muito legais de se ler; pós-4 de fevereiro não nos lembramos de outra senão essa da Folha. Quem sabe, a partir de agora, não voltamos a “ler” mais Herbert Vianna?



Texto de Deise e Eduardo

terça-feira, 9 de junho de 2009

"Pode ser que meu sonho seja assim" - São Paulo, 21 de maio de 2009

Existem sonhos que a gente tem que são tão difíceis de serem realizados que acabamos esquecendo deles, dando lugar a aspirações mais imediatas e plausíveis. Na última quinta-feira, no show dos Paralamas com participação da Vanessa da Mata em São Paulo, eu resgatei um sonho que há tempos me habitava, mas que eu nem recordava de sua importância.

Entramos, eu e Rafael, pelos fundos da Via Funchal. Subimos os três andares até chegarmos no palco. Faltava alguns minutos para o início do show, mas a movimentação já era intensa. Bidu, Monteiro, Zé Fortes por ali, enquanto Helder e Rodrigo (roadie do Barone) cuidavam das últimas arrumações para o início do espetáculo. Ficamos ali, olhando uma movimentação que aos poucos estamos nos acostumando a viver, com aquela timidez típica dos primeiros minutos naquele ambiente.

O Rafa tava com uns amigos na platéia, e disse que ia para lá encontrar com eles. Era pra eu ir junto, mas de repente vi a burrice que seria não assistir ao show inteiro dali, do palco, andando pelos bastidores, trocando de lado, tirando fotos por um ângulo super diferente... Foi então que me lembrei que sempre sonhei com isso, desde quando tinha 12 anos e arranhava no violão, assistia os Paralamas em algum VHS e pensava: “Imagina ver isso ali do palco”. O Rafa foi, meio sem entender como eu preferi ficar ali sozinho.

Poucos minutos depois, havia chegado a grande hora: os Paralamas iam entrar no palco. Muitos aplausos, aquele frio na barriga de “os caras tão vindo ai” e de repente eles passam, como jogadores de futebol se dirigindo para o gramado, mas com os rostos iluminados como se fossem jogar pela primeira vez. Eu fiquei em um canto que não atrapalhasse a entrada da banda, e logo que eles se postaram no palco, perdi a timidez e fiquei ali atrás das cortinas pretas, abismado com o que estava acontecendo.



A primeira música foi “Ela Disse Adeus”, lembrando o início da turnê do Hey Na Na (a qual não assisti), quando os scrathes da canção ficam se repetindo até Herbert puxar “now the deed is done”. O público logo percebeu que as cadeiras e mesas do Via Funchal nada tinham a ver com a banda que estava se apresentando. Mesmo assim, o coro era altíssimo.

Na sequência, vieram “Seguindo Estrelas”, “La Bella Luna”, “Track-Track” e “O Beco” – antigamente eu decorava o set list , agora não consigo mais. Mas foi por aí que entrou Andreas Kisser no palco. Ninguém sabia que ele ia tocar com os Paralamas – quando Herbert começou a dizer “gostaríamos de chamar ao palco..”, todos imaginaram que seria a Vanessa da Mata. Andreas me disse depois que foi ao Via Funchal apenas para ver o show, mas que a coceira foi grande e ele resolveu tocar. Acabou usando uma guitarra reserva do Herbert, já que nem instrumento ele havia levado.

Quem já teve a oportunidade de ver Andreas com o trio paralâmico ao vivo sabe que a banda cresce muito. A impressão que fica é de que, se “faltava” alguma coisa para os Paralamas ficarem ainda mais poderosos, seria Andreas Kisser. Há quem não goste do peso de seu som, ou do Sepultura, ou ache que o cara toca com qualquer um, mas ninguém pode negar que Andreas sabe muito bem, e como poucos, o que fazer com uma guitarra.



Tocaram “Calibre” – nisso já tinha gente se levantado delicadamente das mesas e pulando – “Mensagem de Amor” e “Selvagem”. Uma cena que vi em Mensagem ficará por muito tempo em minha memória: Pedro Ribeiro, produtor e irmão do Bi, estava ao meu lado desde o início do show, mas não falou muita coisa porque toda hora entrava no palco, dava voltas, via se tava tudo bem. Em “Mensagem”, com o Barone dobrando o ritmo e o Herbert solando absurdo, Pedro me olhou e falou algum palavrão que significava admiração. Quando acabou a música, ele começou a bater palmas. Tirei a máquina da mão e bati palmas também, e todos ali atrás fizeram o mesmo. Pensei: “Quantas vezes o Pedro ouviu essa música? Quantas cenas memoráveis ele já não deve ter presenciado?”.

Andreas saiu do palco ovacionado. Foi ali para o nosso lado, com um sorriso enorme no rosto. Conversamos e foi quando ele contou que não sabia que ia tocar até poucas horas atrás. O show recomeçou com “Cuide Bem do Seu Amor” e “Romance Ideal”. Depois veio “Meu Erro”, que tá com uma entradinha diferente, Barone marcando a bateria, Herbert com um riff na guitarra, Barone vira e explode a linha de baixo marcante da música. Alguém falou que essa entradinha nova parecia algo do Strokes, mas eu não conheço para dizer.

Herbert, então, chamou Vanessa da Mata e Davi Moraes, filho de Moraes Moreira e guitarrista da moça. Começaram com “Vermelho”, uma canção dela; um cara que parecia ser do staff da Vanessa se virou pro Pedro e falou “Esse Barone toca muito”. Era um reggae, que acho que ela gravou com o Sly & Robbie, e que na mão de Bi e João ficou ainda mais bonito. Depois, veio “Lanterna dos Afogados” – muito bonita na interpretação da Da Mata – e “Caleidoscópio”, com direito a solo arrasador de Herbert. Por fim, tocaram a parceria dela com o Ben Harper, o Herbert ficava repetindo a letra em inglês que a Vanessa cantava e ficou muito legal.


A Vanessa saiu de cena, os Paralamas voltaram com a nova versão de “A Novidade”, mais reggueira, e nisso o público já havia esquecido de mesas e cadeiras, e se pôs a dançar e cantar. Na sequência, as duas músicas de trabalho de Brasil Afora, “Meu Sonho” e “A Lhe Esperar”, cantadas por muito mais gente que eu imaginava – como diria a Deise, os Paralamas estão “na boca do povo”! Veio “Uma Brasileira” na versão Calypso, Lourinha Bombril, Óculos (com a já clássica frase “em cima destas rodas também bate um coração”) e Vital. Vanessa voltou ao palco e juntos todos fizeram “Alagados” com a incidental “Sociedade Alternativa”. Festa, suor, todo mundo dançando e a essa altura o Via Funchal era um carnaval só.

Há pelo menos uma hora antes do final do show, eu estava ali ao lado do Pedro quando ele me falou. “Cara, acho que dá pra você subir lá em cima e tirar umas fotos bem legais”. Ele me mostrou que o Via Funchal tinha mais quatro andares acima do palco; me levou até as escadas, disse que obviamente não poderia subir junto, mas que eu tinha de ir, que era muito legal. É claro que fui, e foi surreal assistir a boa parte do show numa visão aerea; depois de subir os andares, cheguei ao último, com uma porta de ferro enorme, que parecia não ser aberta há muito tempo. Abri-a, e me deparei com uma pequena passarela; de repente, surpresa, eu via todos os Paralamas bem de cima, pequeninos aos meus olhos. Foi uma emoção sem igual, que acho que não terei novamente.

Já com o show finalizado, desci daquele cenário de filme e fui encontrar o Rafa e me despedir de todos. Quando encontramos a Vanessa, ela estava sentada conversando com o Herbert. Fomos falar com ela, e eu brinquei: “Você acabou de tocar com o Sly & Robbie brasileiros, hein?”, e ela disse: “Acabei de falar isso pro Herbert!”. Quem não conhece, deve ouvir a dupla jamaicana – entende-se bastante de onde veio a inspiração para Bi e Barone. Quem ainda não foi a um show dos Paralamas, deve ir sem falta, mesmo que seja numa quinta-feira à noite em uma casa de shows que mais parece restaurante com tantas mesas e cadeiras. E se um dia você tiver a milagrosa chance de ver tudo isso do palco, não deixe escapar por nada. Ainda mais se existirem uns andares lá pra cima.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

"Rodando Brasil Afora" - Curitiba, 15 de maio de 2009.


Enfim, a tão esperada estréia da Turnê Brasil Afora aconteceu. O show realizado em Curitiba, no dia 15 de maio, foi o segundo da nova tour, precedido por uma apresentação em Florianópolis na noite anterior. Afiados, os Paralamas subiram ao palco do bonito e elegante Teatro Guaíra para demonstrar (para quem ainda duvida...) que são capazes de se reinventar, mas sem deixar, por isso, de ser quem são. O show se inicia com um trecho incidental de "Sem Mais Adeus" - com a voz de Brown - e, abrindo-se as cortinas, avistamos um colorido cenário assinado pelo artista paulistano Zé Carratu, em um clima alegre que faz lembrar álbuns como o "Selvagem" ou o "Nove Luas". 

O time completo dos Paralamas - Herbert, Bi e João somados à Fera, Bidu e Monteiro - já está lá e logo ataca a própria "Sem mais adeus", com tudo o que tem direito: show de Barone e vocais do próprio e da dupla de sopros nos "all right" finais. Em seguida, vieram três presentes aos fãs da banda: "Dos Margaritas", "Pólvora" - com mais um show de Barone - e "O Beco". 


O público se animou e até se levantou com "Ela disse adeus" e, depois, com a paradinha pro povo cantar o refrão, já clássica nos shows paralâmicos, de "Cuide bem do seu amor". "Romance Ideal" foi a maior surpresa pra mim... nem imaginava que estaria no repertório, mas lá estava. Nesta canção a linha de baixo do Bi é absurdamente mais bonita ao vivo do que na gravação. João Fera também faz um delicado solo... de "encher os ouvidos"! Mais deleite dos fãs viria com "Bora Bora" e "Perplexo". Metais detonando, assim como, claro, João Barone. 

(Aqui cabe uma breve explicação: eu sempre observei muito o Barone nos shows e as lembranças das aparições dele sempre são as mais claras para mim, e a quantidade de referências a ele neste relato tem um motivo especial. Na nova turnê, o layout do palco dispõe Fera, Bi, Herbert e João em linha, com Bidu e Monteiro atrás de Herbert. Ou seja: JB fica bem na frente, com seus movimentos nítidos aos olhos de todos. Não é incrível? Além disto, a nova disposição do palco também permite que Bi e João se comuniquem mais com Herbert, o que facilita a atuação do nosso vocalista.) 


"Meu Sonho" e "A lhe esperar" são as próximas, sendo claras demonstrações de que Herbert estava muito seguro na estréia, segurando legal os vocais e as guitarras, até mesmo nas novas canções. "O Calibre" - junto à já citada "Cuide Bem" - foi a música escolhida para lembrar trabalhos imediatamente anteriores ao "Brasil Afora" - creio que incluir alguma do "Hoje" no set list, como "Na Pista" ou "De Perto", seria legal, para não deixar o álbum passar "batido". "Meu erro" encerra a primeira parte do show, sempre empolgante. 


É aí que acontece a grande surpresa da tour, o set acústico. João Barone se coloca em pé à frente do palco, munido de uma caixa e um bumbo (Gretsch, modelo "Broadkaster"), João Fera encara um violão de cordas de aço e Bi Ribeiro troca o seu indefectível Factor para para se dedicar a um baixo acústico. Herbert, no centro do palco, intercala o violão e sua Les Paul, dependendo da canção. Bidu e Monteiro são os encarregados da percussão, além de eventuais metais. 

O cenário muda: o pano colorido cai, para dar lugar a um bastante claro, em tons de marrom, dando uma cara "Severino" pro show. Neste clima, tocam "Mormaço", tão bonita e delicada, seguida de "O Rio Severino". Juro. Foi emocionante ouvir essa música, que sempre foi uma das minhas mais queridas. "Caleidoscópio" e "Uns Dias" foram executadas sob arranjos muito semelhantes aos que foram produzidos para o Acústico MTV. 

 

Findado o set acústico, temos um "momento Ringo Star" de João Barone, que assume os vocais e toca bateria em "O Vencedor", do Los Hermanos. Pareceu que faltou guitarra nesta, a bateria ficou bastante alta, mas ok: João canta bem e nós já sabíamos disso. "Quanto ao Tempo" chega, Ademir se remexe na cadeira à minha frente (o amigo curitibano não é adepto ao Brown), mas eu realmente gosto da música mais "brega" do "Brasil Afora"... o arranjo que os Paralamas fizeram a deixaram muito linda, com destaque aos sopros misturados ao solo de guitarra do final, quando Herbert usa timbres do maior bom gosto, que só ele faz. Ao vivo, o arranjo fica ainda mais bonito. Herbert troca as frases do refrão, que continuam com tanto sentido quanto quando estão ordenadas. 

O show segue com "A Novidade", em uma das versões mais bonitas que os Paralamas já fizeram. Eles usam a famosa introdução vocalizada por Gil na sua "A Novidade", mas aqui executadas pelos metais (da-lhe Bidu e Monteiro)... um reggae super leve. "Lourinha Bombril", "Alagados" (com "Sociedade Alternativa" do Raul) e "Uma Brasileira" (na amada por uns, odiada por outros, versão Calipso - eu prefiro) encerram o show... mas tem o bis!


A banda volta com a "Lanterna dos Afogados" de sempre, excelente e com o esmero de todos. Da turnê com os Titãs, o duo "Sonífera Ilha/Ska", pra mim desnecessário, mas que deve estar ali por conta da novela das sete que, aliás, já acabou. O verdadeiro final será "Vital e Sua Moto" (com "Every Breath You Take, do Police). Os Paralamas se despedem, mas fica a vontade de ficar ouvindo eles por muito mais tempo... eu tinha acabado de assistir o show do "Brasil Afora" e já pensava quando seria o próximo. Não tenham dúvidas de que é incrível: a banda está redondinha, Herbert super seguro, a iluminação é perfeita, o cenário é um encanto. Valeu demais cada segundo de espera, cada instante vivido e a viagem à capital do Paraná.


s o t



Update: tem um vídeo no Youtube que dá pra ver direitinho (e sentir a sensação que dá - é um susto bacana!) quando troca o cenário. Uma introdução de violões já está rolando e quando, de fato, inicia "Mormaço", o pano colorido cai, como eu já havia dito. O efeito é legal, porque altera também o clima do show. Ah, os caras são mestres nisso... sabem direitinho como lidar com as emoções da platéia e nunca deixar os ânimos "caírem".

domingo, 17 de maio de 2009

"Lembro que sempre sonhei viver de amor e palavra"

No momento em que Os Paralamas do Sucesso iniciam a nova turnê Brasil Afora, eu e Eduardo decidimos que era a hora de realizar um "sonho" nosso. O Varal é um projeto antigo, que já existia quando nossos blogs Ê Batumaré e Na Pista ainda estavam em atividade. Escrever sobre os Paralamas é só uma entre tantas coisas que os autores do Varal tem em comum. Somos fãs da mesma "geração" - aquela que passou a admirar a banda à partir da explosão do "Vamo Batê Lata" -, nossas atividades extra-paralâmicas envolvem a escrita da história, seja analisando o passado ou descrevendo o presente (eu sou mestranda em História, Eduardo é formado em Jornalismo) e somos entuasiasmados pela música (além dos PdS, amamos, em comum, sons que vão de Beatles a Fito Paez).


Esse novo "meio de comunicação", em formato de blog, pretende ser um lugar onde os fãs da banda possam não somente encontrar informações, mas compartilhar os mais bonitos e distintos sentimentos que envolvem acompanhar "do lado de cá" a trajetória d'Os Paralamas. Ouvir e assimilar uma nova canção ou re-significar as mais antigas, descobrir e assitir vídeos inéditos, ver Bi, Herbert e João em ação de perto ou conhecer pessoas que, como nós, adora Paralamas, produzem sentidos que, acredito, somente nós sabemos quais são. O que queremos, aqui, é organizá-los, em forma de texto e imagens, para que fiquem guardados, pra sempre, na memória paralâmica.

Créditos

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Fontes: Tipografia Artesanal Urbana

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