domingo, 5 de dezembro de 2010

BORA-BORA VER OS PARALAMAS

Eu fui apresentado aOs Paralamas ao vivo em janeiro de 1989. O show era o do disco Bora-Bora. O local foi o Estádio do CRB, na Pajuçara, em Maceió. Eu tinha recém-completados 13 anos. O festival era o tradicional Squenta Verão que sempre ocorria entre Janeiro e Fevereiro em Maceió e era a única oportunidade do ano de ver bandas como Titãs, Barão Vermelho e Kid Abelha. Até o ano anterior, o festival ocorria na Praia de Pajuçara num local próximo aos famosos Sete Coqueiros.

O engraçado é que comecei a gostar de música por razões políticas e não rítmicas. Alguns professsores do colégio em que eu estudava começaram a mostrar em sala de aula letras como Comida, Selvagem, Alagados, que país é este ? e Polícia, ilustrando episódios da história recente do país. Foi então que passei a me interessar pelo cancioneiro pop-rock nacional. À época, o único disco que eu tinha dos Paralamas era o Selvagem ?, ganho como presente de aniversário. Ouvindo esse disco, assistindo às aulas de História do colégio e começando a ler sobre música, veio o meu Big Bang pessoal.

Quando Os Paralamas vieram tocar na cidade naquele verão, surgiu a idéia entre a turma da minha da minha rua, que reunia gente de 10 a 13 anos, e o Júlio, que tinha 15, de ir para o show. Meu pai, assumiu o negócio, e conduziu a gente pro estádio. Éramos uns 8 e meu pai levou a gente numa Belina com alguns indo na mala do carro e achando que era tudo festa. Nenhum de nós havia estado antes num show mas aquele dia definiu de vez do que era que eu gostava: rock, com letras politizadas, músicas bem tocadas e catarse coletiva. Sim, catarse, porque o que ocorria quando Os Paralamas tocavam Meu Erro ou Óculos ou Alagados era isso: catarse coletiva.

Depois desse dia, o rock nunca mais foi o mesmo para mim. Ver Os Paralamas ao vivo me fez entrar em um outro mundo, que até então não conhecia. Meu coração sangrou e se contaminou. A voz da razão sumiu. Mas não houve pedidos de socorro. Houve sim, pedidos de mais. Mas mais, em Maceió, só no verão seguinte.

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